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Divagação


A Teia - Portugal 2008

Há quem não arrisque em jogos de azar por não acreditar na sorte...

Há quem não acredite no acaso e acredite em coincidências..

Há quem se ache determinado e outros há que determinar...


Sorte, azar, risco, acaso, coincidência e determinismo dariam uma discussão com "pano para mangas".

Mas o que venho dizer hoje não passa de um pensamento que emergiu na banalidade e automaticidade do trânsito matinal. Dei comigo a travar de repente para evitar um embate... consegui fazê-lo e comecei a divagar. O que será mais fácil? Viver a pensar que as coisas acontecem meramente por acaso, ou cada ínfimo pormenor do nosso dia-a-dia terá um significado. Aqui já nem coloco em questão a questão (!) do determinismo porque sinceramente de pouco ou nada vale saber se os acontecimentos são livres ou influenciados por acontecimentos anteriores e pelo meio que os envolve. Isso não interessa simplesmente porque as coisas acontecem e pronto. Embora para quem não goste de responsabilidades seja mais conveniente acreditar que o "destino está marcado"!!.... Enfim, mas o que me importa é saber distinguir o grau de intensidade e significado, o que devemos aprender desses acontecimentos e como os deveremos encarar. O que fazemos com toda essa informação? Será simplesmente para observar, registar e apagar?

Pensem em actos banais... como o despachar e sair de casa de manhã a caminho do trabalho...teria sido por acaso que saímos às tantas e x e não ás tantas e y? Segundos bastam de diferença para, ao sair de casa, "apanhar" outra realidade na rua. Já alguma vez se perguntaram sobre isso? Porque os acontecimentos estão a renovar-se constante e instântaneamente, num ciclo infinito. As pessoas que encontramos, o que assistimos, o que ouvimos, o que vemos e sentimos nesse momento fazem parte de um puzzle que no segundo a seguir já está incompleto. Temos então esse período de tempo para apreender o que está à nossa volta, o que está a acontecer e transformar ou processar esses dados em informação útil. Para que mais existem e acontecem as coisas se não para nos ensinarem? Importa acima de tudo aprender e transmitir esse conhecimento ao nosso redor.

Gosto de acreditar que o que nos acontece implica algo mais do que apenas o seu impacto superficial. Assim tem muito mais piada (e por vezes mais dores de cabeça também...) tentar decifrar aparentes enigmas e clarear um pouco a nossa perspectiva das coisas. De facto, desde o sítio por onde caminhamos, as pessoas que encontramos, os desafios que se nos vão deparando, como nos apercebemos e reagimos a isso, quando tomamos decisões...

Onde. Quem. O quê. Como. Quando.

Mas... e porquê?!

Comentários

Bento disse…
Como sempre venho quebrar um pouco o misticismo e meter umas ideias acerca deste tema!:P.
Existem duas formas de ver essa questão que colocas-te, temos o livre arbítrio e o determinismo.
Definições retiradas da net:
"O problema do livre-arbítrio versus determinismo surge devido a uma aparente contradição entre duas ideias plausíveis. A primeira é a ideia de que os seres humanos têm liberdade para fazer ou não fazer o que queiram (obviamente, dentro de certos limites — ninguém acredita que possamos voar apenas por querermos fazê-lo). Esta é a ideia de que os seres humanos têm vontade livre — ou livre-arbítrio. A segunda é a ideia de que tudo o que acontece neste universo é causado, ou determinado, por acontecimentos ou circunstâncias anteriores. Diz-se de aqueles que aceitam esta ideia que acreditam no princípio do determinismo e chama-se-lhes deterministas. (De aqueles que negam esta segunda ideia diz-se que são deterministas.). Freud afirmou que nós não somos responsáveis pelo que fazemos, por sermos vítimas de imposições inconscientes."
Exemplo:
Bates com o carro por volta das 7h15m e 03s a caminho do trabalho, podemos acreditar que sais-te de casa por volta das 7h12m e 31s porque quiseste e isso simplesmente aconteceu... Ou por outro lado podes acreditar que isso aconteceu porque estavas cansada, isto porque no dia anterior estavas cansada por teres trabalhado até tarde, o que vai pressupor que de certa forma aconteceu por causa do teu trabalho mas também pela pessoa que te atribuiu o trabalho e por ai adiante até ao inicio de tudo... Big Bang!;).
Podemos achar esta segunda teoria um pouco louca... E sim não tem muita lógica para nós, mas desde que Einstein ,divagou e calculou como só ele soube, tendo ideias que iam para além dos nosso maiores sonhos, que devemos ter um pouco mais de cuidado no que achamos e, acima de tudo, nas ideias predefinidas que temos.
Imaginemos que alguém poderia viajar a uma velocidade superior á velocidade da luz em marcha a traz... Teoricamente e segundo o próprio Einstein viajaríamos para traz no tempo. O que aconteceria nesse caso se alguém recua-se no tempo e altera-se o facto de trabalhares onde trabalhas! Será que terias esse acidente?! Uma questão pertinente...:P.
Claro que em qualquer uma das teorias devemos aprender... Uma apenas diz que aprendemos porque queremos e outra porque está destinado. Mas no fim... Aprendemos!;).

@LU my love... SO MUCH!;).
TugaSemNome disse…
Olá Ana,

Esta tua frase deliciou-me:
"Viver a pensar que as coisas acontecem meramente por acaso, ou cada ínfimo pormenor do nosso dia-a-dia terá um significado."

Durante muito tempo da minha vida sempre acreditei na primeira parte.
Há 3 anos atrás tive um episódio muito significativo. Para mim foi uma lição de vida. Já contei a minha história e o comentário é sempre "Fonix que granda coincidência". No entanto para mim não há coincidências ainda por cima em sequência. Dava um filme.
Actualmente tenho quase a certeza que a segunda parte é verdadeira. Aliás até vou um pouco mais além. Acredito que há sinais no nosso dia a dia que podem passar despercebidos e que são "mensagens".

É de doidos? Talvez... ou talvez não...

Vou dar um exemplo. Estava com a minha namorada a escolher um hotel e momentos antes ela disse que lhe apetecia um mil folhas. Logo asseguir na pesquisa abri um hotel e tinhamos:
http://www.nitenite.com/uk/birmingham/common/images/galleries/hotel/main/DSC_0008.JPG

Pergunta? Coincidência?

Talvez sim. Para mim não.
Sou uma pessoa muito racional e até cientifica. E já fiz um conjunto de experiências quase "parvas". Para tentar obter respostas... apesar de não serem possíveis de serem reproduzidas e como tal não cientificas levaram-me a ter um opinião diferente. Ao longo do tempo acabei por ter um padrão... Para mim há algo mais... tenho 99,99% de certeza...

Para mim esta situação do mil folhas é uma mensagem e escolhi o hotel por isso. Só para veres como acredito nisto. Se a frase da minha miúda tivesse sido "Detesto mil folhas" nem de borla ia para lá. Só para perceberes aonde já cheguei. Geralmente quando associadas a uma situação positiva trazem coisas boas. E esse é o padrão que te estou a partilhar.
É algo pessoal e que até pode levar certas pessoas a dizer. "Aquele gajo é doido."

Complexo?
Sim. Muito. Nem toda gente atinge isto. Mas tenho ganho muito... em ter ultimamente uma mente aberta.
E esse ganha muito tem sido um padrão. Se é coincidência... fica ao vosso critério... e estou-me nas tintas para o que os outros pensam.
Ana Dionísio disse…
Que bom ler os vossos comentários. Não só porque complementam as minhas palavras mas ainda porque me dão indicação que consegui transmitir o que queria. Para mim existe um fio condutor de todos os acontecimentos, existem sinais nas coisas mais irrelevantes, e basta que nós estejamos de mente aberta o suficiente para podermos ler o invisível, aprender e assim crescer.

Muito obrigada aos 2!!

ps: Bento...LU2!!!! ;)obrigada por tudo...tudo...
TugaSemNome disse…
Esta leitura de "sinais" para tomar decisões - são superstição e totalmente contrário à racionalide.
Por exemplo os gregos procuravam sinais nos céus...observavam os pássaros para tomarem decisões de guerra. Os Índios olhavam para a natureza e para os sonhos e até usavam cannabis para facilitar o acesso a esses sinais.
Aliás a história da Cannabis é fantástica. Sugiro verem o documentário da BBC sobre a Cannabis.. 5 estrelas. Não acredito que um gato que se atravesse na estrada seja azar ou mau olhado. Também não acredito no destino e penso que o futuro está sempre a ser moldado com base nas decisões. Ler a sina / cartas etc.. para ver o que acontece no futuro para mim é treta. O futuro somos nós todos que o fazémos.
Mas acredito que dormir e sonhar pode trazer boas ideias para o dia seguinte. Já resolvi uma vez um problema complexo de matématica enquanto dormia. Tive o dia todo de volta daquilo... horas e horas... à noite fui dormi. Não conseguia dormir. Andava ali às voltas. Parecia que via aquilo á frente. Foi díficil adormecer mas depois lá consegui adormecer. Sonhei e encontrei a solução no sonho. Acho que o sonho é das coisas mais incrivéis e muito perto da misticidade que por vezes dá que pensar. Exemplo, lembro-me de ser puto e tive um pesadelo com a garagem de um amigo de um amigo. Tava com o meu amigo na rua e esse amigo do amigo apareceu e disse para irmos para a garagem lá fazer cena. Fui e aconteceram certas coisas que não gostei nada.

Mas como já te tinha dito no ultimo post, este tipo de situações já me aconteceram estatisticamente vezes de mais. Entedo-as de uma forma que me leva a seguir um certo comportamento. Se tive uma pensamento, se ouvi uma frase ou outra coisa de forma negativa sobre um lugar e se por por casualidade acontecer ser convidado evito ir. Se tiver mesmo de ir vou com máxima atenção.
Da mesma forma que penso ou ouço ou vejo algo que dê a ideia de algo positivo e depois por coincidência tenha de ir a esse lugar - vou logo sem exitação.
Se ao longo do tempo começas a perceber que geralmente há uma relação directa e qua as coisas acontecem quase sempre bem ou mal de acordo com o sinal ser bom ou mau ... deixa um tipo a pensar... e a condicionar o seu comportamento.
E posso-te dizer que por vezes o meu comportamento é condicionado por estes sinais. Estimo ter uma destas coincidências em medía 1 vez a cada dois meses.
Bento disse…
Puro apologista do livre-arbítrio? =P. Mas olha que o determinismo não pressupõe que possa ser descoberto. Ou seja, os factores que vêm de traz para que algo aconteça são tantos que em teoria seria impossível ter todos em conta... Tal como uma expressão física, a qual não poderias completar para te dar um valor certo. Eu estou um pouco entre ambas as teorias, acho que podemos escolher o que queremos e que isso é que forma o nosso destino, mas que todas essas decisões são sempre condicionadas por experiências e por mentalidade que possuo por experiências de vida anteriores que aconteceram para me moldar a seguir um destino... Sei que pode ser confuso! xD.

Nunca te sintas bloqueado com o que te espera pois o que te espera pode ser o contrário do que pensas, segue o teu caminho que irás dar onde te sentires bem... Quando te sentires completo, então completas-te o teu destino! =D.
Vi um dia um documentário de um explorador que por 15 anos viajou meio mundo a procura de novos mundos e sempre pensou que aquilo seria o seu destino, mas que foi quando voltou a casa e teve um filho que percebeu que o seu destino não era descobrir o mundo, mas sim cuidar dos seus. E a verdade e que esse explorador foi feliz como escritor em casa a cuidar dos seus filhos e esposa, porque ali foi o único local onde se sentiu completo. =D.

Concluindo, no meu ver todos temos um destino e uma finalidade que nós vamos escolher livremente mas já estando pressuposta, esse destino não pode ser lido ou adivinhado, pode isso sim ser descoberto quando lá chegarmos... E isso sim torna a vida tão boa!;).
O significado da vida só é descoberto quando descobrimos o seu propósito! =P.

Quanto ao documentário, já tinha visto e sim é LINDO!:P. Gostei também de um acho que da discovery sobre todo o tipo de drogas usadas por tribos (xamanismo) que também estava muito fixe! =D.

@@LU honey.
[[Abraço Tuga]]
José Luís disse…
Olá Ana! Tambem costumo pensar muito nisso. E acredito que ha um significado por detrás de tudo aquilo que nos acontece, ou pelo menos, uma lição escondida que nos ensina algo. A simples coincidência de encontrar alguém na rua é quase um pequeno milagre. É um encontro que foi fruto de uma serie de acontecimentos, pequenos atrasos ou adiantamentos que fez com que aquelas duas pessoas estivessem no mesmo sitio
á mesma hora a cruzar os seus olhares.

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