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Algures no deserto... Beja sem comboios

Não sou utilizadora frequente do transporte ferroviário e das poucas vezes que o utilizei (em idas a Lisboa) sempre me senti limitada pelos horários disponíveis.
Muito francamente entendo a perspectiva de uma empresa que, visando reduzir custos e manter-se "viva" no mercado, considera encerrar linhas de produção que dão prejuízo. Entendo isso no caso de empresas NÃO públicas que não têm a obrigação de satisfazer necessidades públicas. Quando se fala em bem público a conversa já é outra e não me venham cá falar em redução de custos à custa dos direitos dos cidadãos. As empresas públicas de transporte colectivo são tal como a própria designação induz controladas pelo Estado, que somos todos nós, e existem para satisfazer as nossas necessidades, quer vivamos num atafulhado centro urbano quer vivamos algures no meio do deserto. A verdade é que fazemos todos parte do mesmo país e o Alentejo não pode continuar a ser fustigado e desprezado como sempre.
A CP não pode simplesmente alegar o reduzido número de passageiros da região como justificação para a não modernização das linhas e comboios, a não electrificação da linha, e redução de oferta de serviços. Porque a empresa também nunca teve uma atitude activa na captação de clientes. As coisas sempre foram feitas como se se estivesse a fazer um grande favor à população. Aquilo que está agora a acontecer e que se vai agravar, não apenas no sector dos transportes mas noutros, é o pagamento por tantos e tantos anos de "deixa andar", fazer as coisas por fazer, de não ter visão e uma atitude proactiva... de muita gente pretender apenas encher os bolsos de forma rápida. Infelizmente há um conceito que tem vindo a ser esquecido: SUSTENTABILIDADE!
Existem muitas pessoas para as quais o comboio (com ligação directa a Lisboa, com mais horários e maior conforto) é o meio preferível para as suas deslocações. Os estudantes (que vêm de fora e que vão para fora), os militares, as pessoas que vão a consultas ou fazer exames, os que vão trabalhar... e também os que vão passear. Pois tudo faz parte desta máquina gigante que não podemos deixar parar. Porque parar...é morrer, literalmente.
Muito infelizmente todas estas decisões são pólíticas (não tapem os olhos acreditando que não o são...) e se não existe contrapartida na redução da acessibilidade de Beja (distrito) para outros pontos do país, então nada o justifica em qualquer das instâncias e o resultado é ficarmos mais e mais afastados de tudo. Porque é que vamos a Lisboa estudar, tratar de papeladas ou fazer exames médicos e afins? Porque cá não temos esses serviços!!!! E se não temos esses serviços não podemos deixar que também nos retirem o meio de os alcançar.
Tem de haver pressão política junto do Governo de forma a não permitir que o futuro da CP - Comboios de Portugal - venha a a ser CMP - Comboios de Metade de Portugal.... .... (!!!) Pensem e investiguem sobre este assunto e lutem por aquilo a que acham que justamente temos direito!
Se quiserem ler mais sobre isto vejam por aqui e arredores:
Para assinarem a petição pública vão aqui:

Comentários

José Luís disse…
Ola Ana :)
Em Moura temos uma estação de comboio a cair, o comboio há muito tempo que deixou de passar por lá. As desculpas para encerrarem esse ramal eram as mesmas que estão a usar agora. Substituiram o comboio por autocarros, mas com os anos até isso tem vindo desaparecer. Aconteceu o mesmo com o hospital, com a maternidade... Sintomas de um isolamento do interior que cada vez mais se tem agravado. Depois das pequenas cidades chega agora a vez da capital do distrito. O povo indigna-se mas aceita e vai abdicando cada vez mais desses serviços essenciais. A percentagem de abstenção que houve nas ultimas eleições mostra que o povo abdica até do direito de voto algo pelo qual muitos povos lutam para ter.

Beijinhosss

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