Não conheço a autora mas dei de caras com este poema (espreitando aqui: http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/) e nele prendi o olhar e a atenção. Li e reli. Em silêncio e em voz alta. E gostei mesmo muito. Aqui vai:
"Às vezes somos o que somos
Às vezes somos quem fomos
Mas às vezes tantas vezes
Fomos
Aquilo que nunca somos
Somos e fomos por um dia
E às vezes por fantasia
Se perturba tanto, ser ...
Querendo ser o que somos
E aquilo que nunca fomos
Fomos tudo
Somos nada
Fomos aquilo que somos
E às vezes e quantas vezes
Tantas vezes a dizer
Nunca sabemos quem fomos
E nunca soubemos ser."
in Poemas com Sabor a Sol a Sal e A-mar, Isabel R. Monteiro, Edições Esgotadas
Quem somos, o que fomos, quem seremos?
Quem somos (ou fomos) para nós e quem parecemos aos olhos dos outros, porque reagimos de determinada maneira perante determinada situação. Para onde caminhamos sendo (nós) assim? Porque mudamos? Como e para quê?!?!
Será possível os outros conhecerem-nos melhor do que nós a nós próprios? Eu já acreditei que sim, isso é possível. É possível quando estamos demasiado concentrados em vermo-nos e não em entendermo-nos. E quando simplesmente não nos estamos a importar com isso, ou não fazemos mesmo por não querer saber (passiva e activamente, entenda-se). E também porque diz-se, e bem, que quem vê de fora (de uma dada situação) vê melhor, mais limpo. Como peças do puzzle questionamo-nos interiormente. Quem sabe para que fazemos tal coisa. Quem sabe... quem sou eu e o que faço aqui? Diz-me tu "eu"!
Somos então feitos do quê?
Talvez o que somos não seja mesmo o que fomos.
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