de Júlio Verne. 1872.
Mais uma história que adorei ler. Gosto de ler Júlio Verne porque os seus livros estão muito bem escritos, gosto das ideias, das personagens e de tudo o que nos ensinam.
A personagem principal é Phileas Fogg e creio que também o seu criado (o francês Passepartout) é igualmente importante na história. Fogg é um inglês fleumático, meticuloso, culto, cheio de regras e rotinas, rico mas.... solitário. Faz uma aposta com os seus companheiros de whist em como é possível dar a volta ao mundo em apenas 80 dias. Nesse mesmo dia (2 de Outubro) começa a aventura, no sentido Este (e isto é algo muito importante como se verificará mais tarde na chegada, a 21 de Dezembro às 8h45m da noite) a caminho de Paris. Após muitas peripécias e uma perseguição serrada por parte do detective Fix (que acha que Fogg é um ladrão que havia assaltado o Banco de Inglaterra), ele consegue ganhar a aposta ainda que inicialmente lhe pareça que a perdeu por um dia. E embora a aposta tivesse por base muitas mil libras Fogg acaba por concluir que ganhou bastante mais do que isso (até porque os gastos que teve na viagem não são compensados pelo prémio): toda a experiência da viagem, a devoção e adoração cega do seu criado e o amor de uma jovem indiana parse (Mrs. Aouda) com quem acaba por casar.
Ideias e frases que me ficaram desta história:
"O imprevisto não existe" e "Um mínimo chega para tudo."- diz Phileas Fogg quando um dos parceiros de jogo lhe diz que é muito arriscado, os 80 dias são calculados para o mínimo de tempo!
"os fiéis hindus são inimigos encarniçados do budismo, são sectários ferventes da religião bramânica, que se encarna em três pessoas: Vinexu, a divindade solar; Xiva, a personificação divina das forças da natureza; e Brama, o senhor supremo dos padres e dos legisladores"...banhavam-se nas águas sagradas do Ganges.
"Duas horas bastariam para visitar esta cidade absolutamente americana, e como tal edificada pelo modelo de todas as cidades da União, espécie de vastos tabuleiros de xadrez, de linhas compridas e monótonas, todas cheias de «lúgubre tristeza dos àngulos rectos», segundo a expressão de Victor Hugo. O fundador da cidade dos santos não podia subtrair-se à necessidade de simetria que caracteriza os anglo-saxónicos. Neste país tão singular, onde os homens não estão decerto à altura das instituições, tudo é quadrado, as cidades, as casas e as tolices."... Será?!
"descoroçoado" - pensava que era só a minha avó que usava esta expressão/atributo e que eu sempre achei uma palavra caricata!! Significa desanimado, destroçado.... :P
"Sem o suspeitar, Phileas Fogg ganhara um dia no seu itinerário - e isto pela simples razão de que fizera a viagem à volta do mundo caminhando para o oriente, dia que, pelo contrário teria perdido se houvesse caminhado em sentido inverso, isto é, para o ocidente. Com efeito, marchando para o oriente...caminhava para o Sol, e, por conseguinte, os dias diminuíam para ele na razão de quatro minutos por cada grau que ele percorrera naquela direcção. Ora, na circunferência terrestre contam-se trezentos e sessenta graus, e estes, multiplicados por quatro minutos, dão exactamente vinte e quatro horas, isto é, o dia inconscientemente ganho. Por outras palavras, enquanto Phileas Fogg, caminhando para o oriente, vira o Sol passar oitenta vezes no meridiano, os seus colegas, que tinham ficado em Londres, só o viram passar setenta e nove vezes."
"Phileas Fogg ganhara, portanto, a aposta. Efectuara em oitenta dias a viagem em volta do mundo! Utilizara nela todos os meios de transporte, paquetes, railways, carruagens, iates, navios mercantes, trenós e um elefante. O excêntrico cavalheiro desenvolvera nesta empresa os seus maravilhosos dotes de sangue-frio e de exactidão. Mas afinal, o que tinha ganho nesta deslocação? O que alcançara com a viagem? Nada, hão-de dizer. Nada, era verdade, a não ser uma sedutora mulher que - por muito inverosímil que isto pareça - o tornou o mais feliz dos homens!"
"Em rigor, não se faria por menos ainda a volta ao mundo?"
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