de O Arrumadinho. 2013
"Desamor" resulta de um pedido que o autor do blog O Arrumadinho fez aos seus leitores. Pediu-lhes que partilhassem com ele as suas estórias de desamor (porque toda ou quase toda a gente tem uma, ou várias!). Acredito que para essas pessoas foi um alívio, qual catarse, poderem fazê-lo de forma completa e aberta e para alguém que realmente lhes iria prestar atenção, de forma imparcial. São estórias de amores não correspondidos, proibidos, impedidos, em degradação, e mortos pela força da realidade e das circunstâncias. São estórias, relatos de mulheres, umas mais novas que outras, umas estudantes outras empregadas, com e sem filhos, casadas ou não, em que algo correu mal nas suas relações amorosas. Achei interessante haver um livro assim. É quase arriscado fazê-lo porque as pessoas gostam de finais felizes, ainda que apenas em ficção. Talvez porque isso as faz sonhar e ter esperança. Mas de qualquer forma não deixa de ser muito interessante ler "Desamor". É quase como se estivéssemos a falar e a ouvir os nossos melhores amigos. A ouvir as suas estórias, o que se passou e como se sentiram numa ou outra relação. A maior parte das estórias é muito comum, de certeza que já ouviram e conhecem uma ou outra pessoa que passou pelo mesmo. O interessante aqui é que nos é permitido ouvir/ler a pessoa que sofreu e conta tudo sem filtros, sem medos porque todas as estórias são anónimas e portanto estas mulheres puderam escrever abertamente o que pensam e sentem, sem ter medo que o que pensem ou sintam seja pouco convencional ou tabu.
Mesmo se não soubéssemos o ano de publicação deste livro perceberíamos que é muito actual. Porque na maior parte das estórias o peso que a internet, as redes sociais e a tecnologia em si têm no desenrolar dos acontecimentos é muito grande. Hoje vive-se muito (virtualmente claro) através de computadores e das redes sociais. As pessoas quase que confundem quem realmente são e quem gostam mostrar ser (ou gostariam de ser) através do que colocam nas suas páginas para que os outros vejam e comentem. Como se no final do dia a sua felicidade dependesse da quantidade de "gostos" que conseguiram ter nas suas fotos e nas suas palavras. É, no final de contas, uma actividade vazia porque por mais caracteres que tenhamos em frente dos olhos acerca das "nossas" coisas, não temos efectivamente nada nas mãos. Nada a que nos possamos agarrar, abraçar, sentir. De certeza que há pessoas com milhares de amigos no facebook ou milhares de seguidores no twitter e afins mas muito possivelmente estão sempre sozinhas. Mas enfim, são estes os tempos actuais e não vale a pena tapar os olhos.
Nestas estórias há uma coisa em comum: finais infelizes. É excusado estar a ler uma das estórias e quase desejar que aquela relação desse certo e corresse tudo bem (isto chegou a acontecer-me!), porque neste livro é garantido que todas elas correram mal, ou simplesmente não correram! Mas não se fica com uma sensação triste depois de lê-las. Fica-se isso sim com maior compreensão sobre estes assuntos. Tal como acontece quando alguém partilha este tipo de confidências connosco. Fica-se mais tolerante por se entender melhor certas situações e reacções e faz-nos sentir que não é o fim do mundo estas coisas acontecerem (são até bastante comuns...), há muitas outras pessoas que passaram ou estão a passar pelo mesmo. E o que interessa acima de tudo é que, algures no decorrer desses acontecimentos, tenhamos aprendido e crescido.
Acho que no fundo estas estórias nos fazem sentir mais próximos uns dos outros porque afinal toda a gente tem desaires ao longo da vida.
Acho que no fundo estas estórias nos fazem sentir mais próximos uns dos outros porque afinal toda a gente tem desaires ao longo da vida.
Recomendo!
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