Em pleno século XVIII, Lavoisier disse esta grande verdade sobre a Natureza. Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Ontem ouvi uma entrevista de uma grande actriz que interpretou há pouco tempo uma das maiores vilãs da história das telenovelas. Eu que já há tanto tempo que não via novelas fiquei presa a esta. Pelo enredo, pelas personagens e acima de tudo pela magnífica prestação desta actriz. Ela fez tão bem o seu papel de vilã que conseguiu fazer com que as pessoas chegassem a gostar dela. Isso é outro nível de desempenho, muito acima de bom. O vilão quer despertar ódio e raiva nas pessoas. Mas se, para além disso, conseguiu conquistar afeição então é porque transpôs limites. A propósito de uma pergunta que a jornalista lhe fez, nomeadamente acerca de onde é que a actriz se tinha inspirado para conseguir transparecer tanta maldade e perfídia da sua personagem, ela simplesmente respondeu..... "em mim mesma". WOW! É sem dúvida uma resposta que é preciso ter coragem e muita maturidade para se dar e afirmar perante milhões de telespectadores que sim.... cá dentro também tenho muito de mau. Eu, tu e qualquer pessoa à face da terra.
Nós podemos ser muito bons para uns, e muito maus para outros. Porque todos temos um bocadinho de cada coisa, seja ela boa ou má. Nós é que, racionalmente, controlamos isso e decidimos agir de determinada forma, e assim ficarmos num ou noutro lado. Dos bons ou dos maus, claro. (ou daquilo que nos ensinaram ser bom ou mau!) E às vezes, precisamente se não pensarmos e não filtrarmos vem ao cimo aquilo que mais tenhamos cá dentro.
Será então que as pessoas mudam? Não.
As pessoas ao longo da vida vão apenas oscilando entre as barreiras de que são feitas, e dentro das quais estão contidos os seus traços únicos. Há pessoas ou circunstâncias que acordam partes em nós que desconhecíamos. Tanto para o bem como para o mal. E assim, também podemos afirmar, que nunca somos bons nem maus. Somos fruto da acção do exterior no nosso íntimo.
Portanto sim. Toda a gente tem uma parte má. A boa notícia é que toda a gente também tem uma parte boa. Essas partes nem sempre são, pelo menos, proporcionais. É esse desequilíbrio que traz tristeza à vida das pessoas. Não somos felizes se formos muito bons (porque levamos batatada a toda a hora) mas também não somos felizes se formos muito maus (o castigo supremo é a solidão). O ideal é primeiro confrontar, depois aceitar, e finalmente juntar ambas as partes e tentar que se harmonizem. Que encontrem sinergia na sua união. Mais uma vez o amor é a única resposta válida para tudo. Só o amor consegue tal feito.
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