O que é para vocês ser-se bem-sucedido? Não pensem muito. Registem a primeira ideia que vos vier à cabeça. Porque essa é a mais verdadeira para cada um de vós.
Uns hão-de pensar que ser bem-sucedido é ter sucesso profissional, dinheiro, talvez até fama, é ter beleza e muitos pretendentes, ou ganhar numa competição, outros hão-de pensar que ser bem-sucedido é ter uma casa, um carro, outros ainda pensarão que sucesso é ter amor, família e amigos, outros ainda acharão que é ter saúde! Há de tudo e para todos os gostos. Mas a verdade é que a resposta que dermos a esta pergunta significará a forma como fomos educados e a forma como orientamos a nossa vida, mostra quais são os nossos objectivos de verdade, uma vez que, de uma forma ou de outra, aquilo que procuramos sempre é sermos bem-sucedidos nalguma coisa.
Não podemos negar que por toda a parte está a mensagem inerente de que ter sucesso é ser-se "rico, bem-parecido e prestigiado". Mas trata-se de um objectivo vazio, muitas vezes vazio de valores, porque quer-se essa aparência, não olhando a meios para se chegar até lá, nem tampouco se é mesmo isso que nos faz felizes e nos dá um sorriso sincero. Tolera-se o roubo, a corrupção, a falta de carácter, a desonestidade, a falta de hombridade, falta de dignidade para se ser (ou parecer ser) bem-sucedido.
Valoriza-se a inteligência mas não a consciência. Já pensaram nisso?
Para quem tem filhos esta questão é muito importante, porque aquilo que os pais lhes transmitirem sobre o que é o sucesso será a bússola dessas crianças/jovens/adultos. Pode-se estar a vaticinar para sempre o percurso de uma criança ao lhe transmitir-mos uma ideia errada sobre quais devem ser os seus objectivos de vida.
Os estímulos que actualmente temos são os dos meios de comunicação (que produzem chouriças em massa e para massas.... e não são de culinária!!), as marcas/grandes grupos económicos, os famosos (nas diferentes áreas), e um sem fim de luzinhas a piscar, ofuscando-nos uns aos outros e levando-nos a pensar todos de maneira igual. Qual rebanho ordeiro e submisso.
Eu acho que ser feliz é ser bem-sucedido (e não necessariamente o contrário). E ser feliz é conseguir-se ser criativo, original, humano, consciente, presente, orientado, sereno, é conseguir amar e ser amado, e simultaneamente é ser-se astuto e inteligente, saber gerir as emoções, ter auto-controlo, ter bons relacionamentos e ser-se respeitado.
"Os pais não querem filhos com bom coração, querem filhos com boas notas" li num artigo. Com boas intenções, é óbvio, mas o nível de crítica e exigência pode deturpar a criança. E assim se criam pessoas que encaram a vida como uma competição em que se tem de ganhar a tudo, custe o que custar.
"Uma investigação mostra que as crianças que receberam amor e carinho dão adultos mais saudáveis mentalmente e mais capazes de amar." O amor. Essa coisa que a ideia assente de sucesso tem esquecida.
Como mudar?
Sendo-se suficientemente louco para sonhar e acreditar que se pode mudar, e assim, mudando. (com base numa célebre frase de Steve Jobs)
Sabem o que é que as empresas procuram cada vez mais?
"As competências mais valorizadas são capacidade de trabalho em equipa, capacidade de adaptação e aprendizagem, escuta activa, comunicação, empatia, automotivação, assertividade e resiliência."
Sempre acreditei nisto, e ao longo do tempo tenho factos sobre isto também. As maiores notas na escola não são significado das melhores oportunidades a nível profissional. Não obstante o que aprendamos, a nível teórico e técnico, quando se chega à hora da verdade, no mundo do trabalho acreditem que importa tanto mais capacidade que tenhamos de nos relacionarmos, comunicarmos com os outros, a nossa postura perante as dificuldades, a nossa integridade e nível de profissionalismo porque todas estas características ditarão o desenrolar do trabalho e a sua permanência no tempo. Podemos ser uns génios numa dada área, uns craques, e isso é fantástico e valorizado pelos outros, mas apenas numa fase inicial. Se não houver capacidade de comunicação, se nós não formos capazes de perceber o que é os outros precisam e se não formos capazes de nos fazermos entender.... então esqueçam... não há transferência de conhecimento e portanto não haverá crescimento. E a genialidade esfuma-se. Morre na praia como se costuma dizer!!
Há muitos profissionais que nitidamente não têm capacidade humana para exercer a sua profissão. Veja-se o caso dos médicos. O que importa para entrar para o curso de Medicina é ter uma nota altíssima, mas ninguém avalia a capacidade humana e o verdadeiro perfil daquele aspirante a "decisor sobre a saúde e bem-estar dos outros" (que é isso que um médico é) porque lá está... a sociedade não está moldada assim. E isso havia de mudar!
E agora perguntem-se outra vez? O que é que é ser bem-sucedido afinal?
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