Avançar para o conteúdo principal

The Woodsman

The Woodsman. 2004.


Um homem que luta contra o desejo que sente por jovens raparigas. Um homem profundamente perturbado e simultaneamente consciente da sua situação (haverá pior sentença que essa?!??! Julgo que não...).
Ele não só sabe que não é "normal", como também sabe o que é ser "normal" ou pelo menos aquilo que ele gostaria de ser.
Pode parecer banal dizer isto mas se pensarmos bem, há um enorme desafio nas nossas vidas: percebermos o que é isso de ser normal, aceite na comunidade e na sociedade, e decidir se queremos "pactuar" com essa normalidade ou não.

Achei este filme profundo e tocante. A forma como está descrita a história leva-me a questionar a existência real de uma patologia psíquica associada a actos criminosos, como sejam a pedofilia, violações e demais crimes sexuais. E é difícil aceitar isso, porque os actos em si são... repugnantes, inaceitáveis e indesculpáveis.

Mas, perceber que, de entre todos (ou serão todos?!) os arguidos nesses casos de crime sexual, podem existir pessoas que estão doentes e estão a tentar lutar contra essa tendência que sentem naturalmente, leva-nos talvez a encontrar justificação para os casos de inimputabilidade. De qualquer forma, o acto/crime em si não deixa de ser condenável. 
Como identificar correctamente esses casos e qual a forma mais justa de abordá-los... deverá ser um dos maiores desafios nos tribunais, e para a sociedade em geral.
Outra mensagem do filme é a de que só podemos resolver os nossos medos se deixarmos de fugir deles e os encararmos de forma directa e sincera.

O lenhador - woodsman -  é aquele que na história do capuchinho vermelho consegue tirar, com um machado, a menina da barriga do lobo, sem que esta tenha um só arranhão. Na vida real conseguirão existir lenhadores? E se um desses lenhadores, for no seu íntimo um lobo, e esteja portanto, no momento da luta com o lobo que comeu o capuchinho vermelho, a lutar simultaneamente contra este e contra si próprio?! 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Sabem aquela expressão... "tas a dar-me música...."... pois é de isso mesmo que se trata!

Mas neste caso... é música boa!!! ;) O que é que, melhor que a música, consegue dizer tanto sem falar?! ;) "Ti prepara" que hoje estou destemida no que toca à quantidade de sons que tenho ouvido e quero partilhar... :))) Tove Lo - Habits (Stay High) - Hippie Sabotage Remix Meghan Trainor - All About That Bass Sam Smith - I'm Not The Only One Milky Chance - Stolen Dance Vance Joy - 'Riptide' The Sript - Superheroes Maroon 5 - Animals Maroon 5 - Maps (Explicit) Coldplay - Midnight Coldplay - True Love Coldplay - Ghost Story Especial.... e lindíssima esta próxima... :) Coldplay - Always in my head Boots Of Spanish Leather (Bob Dylan) - The Lumineers E, sabendo que é daquelas passageiras, mas que agora não consigo evitar dançar quando a oiço.... Bailando!! Enrique Iglesias - Bailando (Español) ft. Descemer Bueno, Gente De Zona The Black Mamba & Aurea - Wonder Why

Mais vale tarde...

Já há 1 ano que não publico nada por aqui. Não que faltem as ideias nem as palavras, mas faltou o tempo e a concentração necessária para escrever como gosto de fazer. Fui mãe entretanto. Isso explica quase tudo. Quis mergulhar sem rede nesse mundo. E assim o fiz. E sim, não é cliché, afirmar que há um antes e um depois de termos filhos. Se por um lado, e do ponto de vista mais simplista e naturalista existimos para assegurar a espécie e portanto não compliquemos as coisas, por outro, é um acontecimento que nos abre não necessariamente a um novo mundo mas muda a nossa perspectiva do mundo tal como o conhecíamos ou concebíamos antes. E isso altera profundamente a nossa vida. De repente passamos a ter um ser que depende de nós para sobreviver. E nós queremos, visceralmente, fazer de tudo para que ele não apenas sobreviva como viva da melhor forma possível em todos os aspectos que consigamos controlar. A minha atenção virou-se completamente para ele. É isto que para mim vale a pena fa

Leituras - "Equador"

de Miguel Sousa Tavares. 2003. Acho que, até à data, este deve ter sido o livro que li (ou absorvi...) mais rapidamente. Desde a primeira página até à última página prendeu-me e dele não me consigui libertar até terminar. Por variadas, e talvez algumas até inconscientes, razões. Porque estive recentemente no país sobre o qual a história recai - São Tomé e Príncipe. Porque consegui ligar cada detalhe descritivo aos sítios concretos por onde também passei. Porque percebi e senti a história. E por tudo o resto de um conjunto de pontas soltas e aparentes coincidências que aqui se ligaram. Mais não será preciso dizer para concluir que gostei bastante. "Quando, em Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El-Rei D.Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé. Não esperava que o cargo de