Como são as coisas...
Muitas vezes no caminho de casa via um gatinho preto com patas brancas muito parecido ao meu querido Malandro. Muitas vezes me ligaram amigos a dizer que tinham visto um gato assim-e-assim perto da minha casa, se não seria o meu. Eu saia a correr de onde estava numa aflição de ser o meu Malandro e ver se não lhe acontecia nada até eu chegar e encontrá-lo. Felizmente em nenhuma dessas vezes era ele. Era, isso sim, um gato muito (mas muito mesmo!) parecido a ele.
Hoje, mais uma vez no caminho de casa... Lá estava ele. Mas não como das outras vezes, não estava a passear ou a esconder-se atrás de qualquer coisa. Estava deitado no meio da estrada. Tinha sido atropelado.
Quem me havia a mim de dizer que aquele animal que eu via tantas vezes e sempre me fazia sorrir pelas semelhanças com o meu e pelos telefonemas e aflições de falso-alarme que essas semelhanças originaram... estava agora ali. E ali estava eu, com ele.
Tinha a cabeça parcialmente desfeita. Um poça enorme de sangue à sua volta. E sabem que mais? Vim a saber que já estava ali há mais de duas horas. E... estava vivo.... Imóvel... mas a respirar, a mexer o rabo e a gemer.
Não sei quem é que é capaz de atropelar ou ver um animal neste estado e... passar como se nada fosse, não fazer nada e simplesmente abalar dali a correr antes que alguém veja. Não obstante de não ser uma pessoa, é um ser vivo, de sangue quente até, e que sente, e que naquele momento está num imenso sofrimento. Eu quis matá-lo para ajudá-lo a partir mas não fui capaz.
Contactei uma pessoa que sei gostar muito de animais. Mas não um gostar de apenas sorrir e fazer festinhas. Este rapaz foi ao local, levou coisas da casa dele, e pegou no gato ensanguentado. Levámo-lo então para a clínica veterinária onde foi eutanasiado. A médica veterinária estava pasmada em como é que aquele animal ainda estava vivo estando naquele estado deplorável. Metia dó.... :(
Quem me diria a mim que seria eu que ia levar o quasi-gémeo do meu Malandro para o seu descanso final.
Cheguei a casa e chorei.
Pelas imagens chocantes que vi, pelo que senti, pelo medo de alguma vez acontecer isto a algum dos meus gatos e não haver ninguém que os ajude, e também por ter percebido in loco a frieza e o desapego das pessoas para com uma situação destas. De um animal estar a definhar, a implorar por ajuda, e passarem por ele, ou nem se aproximarem e não fazerem nada.
Ele já descansou. A minha cabeça é que não... pensando nisto tudo...
Boa noite.
Descansem.
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Um beijinho muito grande Ana.