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Surrealidades do meu dia-a-dia #36

Eu acho que as pessoas hoje em dia andam um bocado baralhadas com o que é que querem na vida, como conseguir isso e especialmente acho que existe cada vez mais confusão e dificuldade em distinguir o que é real do que é virtual. A internet tem imensas vantagens que nos deveriam auxiliar no nosso dia-a-dia, poupando-nos tempo na pesquisa de determinados assuntos e consequente formação de opinião e simultaneamente deveria facilitar o contacto entre as pessoas. E de facto fá-lo, através das tão faladas redes sociais. E claro está que o problema nunca é a tecnologia mas sim quem a usa e como o faz... porque há um enorme fosso entre o facto das pessoas estarem mais "contactáveis" e ligadas entre si mas depois na realidade (que para quem tenha dúvidas... é o que realmente interessa!!!) as pessoas estão cada vez mais isoladas e distantes umas das outras. Ora isto é um paradigma dos desafios dos tempos actuais. Numa altura em que a tecnologia nos devia proporcionar termos mais tempo para nós e para os outros... o que está a acontecer é que nos estamos a deixar consumir por ela, temos por isso cada vez menos tempo e efectivamente estamos doentes! Chamem-lhe vício ou o que quiserem. Não deixa de ser doença. Uns porque não conseguem viver sem ela e ao mesmo tempo estão a morrer por causa dela, outros porque deixaram de perceber a distinção entre realidade e virtualidade.

No que me respeita, também sou utilizadora de algumas redes sociais. E aqui o blog não deixa de ser também uma forma de fazê-lo, através da partilha de "coisas minhas". Mas sempre tive, e espero manter, a consciência de que há que saber gerir muito bem como e quanto tempo usamos e estamos nesse (este) mundo virtual. Para mim não faz muito sentido viver a vida através de um computador. Sou das que acha que para isso mais vale morrer logo porque de qualquer forma não se está a viver de forma plena. Compreendo quem me diga que as sensações experimentadas via virtual valem tanto quanto as reais... sei que isso pode ser psicológica e fisicamente possível, mas...mas... para mim não valem tanto quando as outras, as que se experimentam de forma plena. Como, in loco, sentir o vento passar, como olhar para o pôr-do-sol, como o tocar alguém, como ouvir a voz. Como o sentir a terra. Sentir o sol na pele. Sentir o arrepio. Isso sim é real!

A surrealidade do meu dia-a-dia que em seguida vou falar e transcrever... é-o para mim mas infelizmente pode não ser uma surrealidade para muita gente.
O Facebook para mim é obviamente uma rede social, onde encontro amigos e conhecidos e onde partilhamos um pouco de nós e damos a conhecer algumas das nossas opiniões e/ou interesses. No meu caso é mesmo só um pouco! Mas há muita gente que vive através deste tipo de plataforma. É óbvio que se podem fazer novas amizades e gerar novos mundos para nós, mas no geral, não acho que sejam de carácter duradouro ou robusto se não passarem pelo plano real. Por essa razão, é-me raro comunicar muito por essa via. Posso fazê-lo mas sempre com a consciência de que não me dá muita satisfação e a maior parte das vezes é quase um frete! Por essa razão estou cada vez menos "activa" ou "online". 

O caso que em seguida transcrevo aconteceu-me há relativamente pouco tempo. Um pedido de amizade de alguém que logo à primeira me pareceu não conhecer. Mas em seguida reparo que se tratava de uma pessoa que trabalha na minha instituição. É um rapaz. Não o vejo muito, nem nunca passámos do bom dia ocasional, mas parecia-me até ser uma pessoa humilde e simpática. Por essa razão, e porque de facto o facebook para mim não é um antro-sagrado e secreto, aceitei o pedido. Não mostro lá muito mais do que mostraria na realidade a alguém com quem não conviva muito.
Afinal o sujeito não tem nada de humilde nem de simpático e sofre isso sim de um enorme distúrbio... é um ser frustrado, só, egocêntrico, passivo-agressivo e maníaco que pelos vistos tenta (sem sorte) fazer amizades (e algo mais...) através do facebook e não está muito habituado a ouvir um "não". E  é alguém que se contradiz a si próprio à medida que vai falando e se vai mostrando...

Isto desenrolou-se no dia do pedido de amizade e dia seguinte. Neste último dia, e vão perceber porquê, eliminei-o da minha lista de "amigos", e aprendi uma importante lição!

Vejam lá esta conversa e reflictam sobre o assunto.
(Refriso que eu praticamente não o conhecia... Apenas de vista e porque trabalha na instituição onde trabalho)

Ele - Adoro gatinhos
E agora vou me deitar que amanhã ainda é dia de trabalho. Boa noite Ana

(tipo... achei logo estranho esta abordagem... Não me interessava em nada que ele gostasse de gatinhos - deve ter reparado que eu gosto de gatos e tentou encontrar um ponto de partida para a conversa - e depois sei lá.... também não me interessava em nada que se fosse deitar ou o raio! Mas lá respondi para não ser mal-educada...)

Eu - Sim amanha é dia de labuta! Boa noite

Ele - Bjito. Boa noite

(beijito?!?! Já não estou a gostar muito mas respondi um emoticon - ;) E Ficámos por aí.)

Na manhã seguinte ele envia-me um vídeo de uma música.

(não me perguntem qual era a música, não gostei. E não querendo conversar mais uma vez respondi, passadas algumas horas, outro emoticon - ;) Isto fê-lo saltar a tampa! Ora apreciem só:

Ele - Ainda foi a tempo.. A Ana só sabe mandar bonequinhos?

Eu - Nao. Mas nao gosto nem uso o chat. Por isso nao rsp muito.

Ele - Agradecido pela informação.. É bom fazer amizades que não falam.. Colega se assim se pode dizer. Lamento o incomodo.. A minha pessoa mantém se em silêncio pra si.

Eu - ??? Desculpe? Mas pediu-me amizade pelo facebook p falar cmg? Entao peço desculpa mas eu nao falo mt pelo facebook. Nem tenho tempo p isso.

Ele - Então pra ke serve o Facebook..eu odeio pessoas k adicionam só por adicionar. E esta conversa k me está a dar dão todas..Tou farto disto. Olhe fique bem. Conheçer alguém nesta cidade é mesmo para esquecer

Eu - Pois haverao pessoas q usam p falar e fazer novas amizades. Nao é o meu caso. So o adicionei pq o conheci e sei q trab lá na (minha instituição) Nada mais.

Ele - Pois então não se incomode

Eu - Com certeza que nao.

Ele - Eu gosto de pessoas k tem prazer em falar cmg e não me desprezam. Dou me bem com toda a gente.. Mas já vi k foi um erro. Vivendo e aprendendo.. Fique bem ana e bom fim de semana

Eu - Oica la voce nao é meu amigo e nao o conheço de lado nenhum sem ser la do trab. Tenho a minha vida. Porque razao sou obrigada a falar consigo e a fazer amizades no facebook qd isso nao é de todo a minha intencao.
Amigos nao se fazem no facebook. Fazem-se na vida real.

Ele - Sim pra kem tem tempo e não trabalha todos os dias é muitas vezes fim de semana. Mas já vi k esta sendo agressiva.. Não digo mais nada

Eu - Entao boa sorte. Eu nao estou nessa onda. Nao vou fazer uma coisa so porque sim.

Ele - Mas adicionou me só porque sim.. Adeus ana.. Educadamente bom fim de semana

Eu - Termina aqui a conversa q eu nao gosto de chats como ja referi.

E ele enviou-me um irónico "gosto".

Nunca mais trocámos mensagens. (Graças a Deus!!!!)

Ora meus senhores e minhas senhoras. Se isto fosse um tribunal.... já sei... Dir-me-iam que eu comecei por fazer mal ao ter aceite o pedido de amizade. Correcto. Foi um lapso envolto em boa-fé! Dir-me-iam também que devia ter corto o mal pela raiz e nunca sequer ter-lhe respondido. Bem o sei... agora. Sei que não é argumento maior mas não queria ser mal-educada, ao mesmo tempo que não queria de facto conversar com aquela pessoa, por essa razão enviei apenas emoticons!! Mas já aprendi que não o devo fazer quando de facto não o quero fazer!!
Acho que aprendi a lição. A verdade é que me deixou com um enorme fartote do facebook e dos chats. E se eu já não andava muito disposta para tal agora então estou off... line. Por tempo in...de...ter...mi...na...do! :P


Comentários

José Luís disse…
Realmente não há palavras para descrever tanta idiotice junta... Acho que fazes bem em ficar off. Eu próprio também o vou fazer. Beijinho Ana

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