Sinopse:
"Cristina desapareceu.
Tiago, o seu namorado, afirma que ela foi raptada, mas é uma história em que Madalena e Marco, os dois investigadores da Policia Judiciária responsáveis pelo caso, têm dificuldade em acreditar.
Ao seguir as pistas que antecederam o crime, “Amor Impossível” caminha entre duas narrativas paralelas:
- a de Cristina, uma jovem que busca um amor total e sem limites;
- e a de Madalena, uma mulher que, ao investigar o desaparecimento, é confrontada com as insuficiências da sua própria relação."
Tiago, o seu namorado, afirma que ela foi raptada, mas é uma história em que Madalena e Marco, os dois investigadores da Policia Judiciária responsáveis pelo caso, têm dificuldade em acreditar.
Ao seguir as pistas que antecederam o crime, “Amor Impossível” caminha entre duas narrativas paralelas:
- a de Cristina, uma jovem que busca um amor total e sem limites;
- e a de Madalena, uma mulher que, ao investigar o desaparecimento, é confrontada com as insuficiências da sua própria relação."
É o décimo filme do realizador português António-Pedro Vasconcelos, com produção de Tino Navarro, lançado em 2015. É um drama. Supostamente baseado numa história real de amor e de crime. (ver aqui, e aqui). É chocante quando nos apercebemos que a ficção é apenas um retrato da realidade cruel e dura.
Ela é uma rapariga que sonha ser escritora. Que procura a intensidade e a poesia das coisas e que se questiona frequentemente sobre o amor e a entrega que este exige.
Ele é um rapaz, apaixonado, um pseudo-rebelde mimado, que sonha ser músico. É também muito intenso... e também muito ciumento e agressivo.
Os dois vivem uma relação intensa, com afastamentos e aproximações, com brigas e muita paixão à mistura.
Até ao dia em que ela desaparece e mais tarde se fica a saber que foi ele que a matou.
É uma história que arrepia. Há sempre indícios de agressividade (ainda que passiva), de controlo, manipulação e sentimento de possessão que muitas vezes se ignoram numa relação, em nome daquele sonho de amor total e de entrega total, que, somos levados a acreditar ter sempre de implicar um certo grau de sofrimento (senão, não é amor! Mas será mesmo assim?!?! Não será essa uma visão completamente deturpada do que o amor deve ser e do que nos deve dar?!...).
No filme falam-se de amores impossíveis. E que esses amores parecem ser sempre os mais intensos. Os que valem a pena. Talvez porque a impossibilidade, a proibição ou os obstáculos exarcebem as sensações... mas não necessariamente os sentimentos. Penso que não amamos mais ou menos uma pessoa pelo facto do nosso amor ter obstáculos ou impossibilidades. Isso é um truque preverso da mente. Que nos pode fazer acreditar que aquilo que não temos ou que não podemos ter é o que mais precisamos (!). Mas na minha opinião essa ideia é completamente errada. É uma ilusão romântico-masoquista. Porque ou amamos ou não, e não é a distância ou outros factores que decidem isso. Concretizar esse amor, isso sim já é condicionado por todas as limitações físicas ou outras existentes, mas amar em si não. Nem que seja porque amar, na sua mais pura essência, não implica necessariamente estar com o outro, sempre.
Romeu e Julieta, de Shakespeare. Uma das mais faladas e discutidas histórias de amor. Heathcliff e Catherine Earnshaw do romance Monte dos Vendavais, de Emily Bronte. O que têm em comum? Na minha opinião... foram duas histórias criadas não apenas sobre o amor em si mas principalmente sobre como a impossibilidade de concretização de amor intensifica esse mesmo amor, ou quem sabe, pode até criar a ilusão de um amor que pode nem existir!!
Quer isto dizer que se não houver obstáculos não é amor? Não é intenso e verdadeiro? Que não vale a pena?!
Que mania esta que temos de cultivar o sofrimento e fazer-nos crer que é apenas na dor que nos encontramos...
O filme reflecte sobre este tipo de questões e também sobre a violência e a agressividade nas relações.
A Cristina, a rapariga, conclui que não quer amor em part-time. Que não quer dar sem receber. Tem todo o direito a isso e a seguir a sua vida. Mas quando menos espera, e sob a maior das injustiças, é calada por quem a ensinou a (não) amar.
Recomendo. Pela reflexão a que nos induz.
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