Dou imenso valor aos artistas de rua. Porque sem eles (às vezes nem nos apercebemos disso...) as ruas teriam muito menos encanto, menos magia. Admiro o seu espírito de sacrifício e a coragem de exporem a sua arte, mais ou menos afinada ou requintada, assim, a toda a gente e num lugar como a rua. Que tem tanto de cheio como de vazio. Tanto de multidão como de solidão. E onde a crítica é mais directa, e onde se está sujeito à indiferença do outro, que é a pior das críticas! Em Portugal já lhes dou atenção, e lá fora ainda fico mais sensível a artistas de rua. Porque estou num meio diferente, em ruas por onde circulam pessoas que não conheço de lado nenhum, porque a cultura é diferente, e nesses momentos a arte é um elo de ligação e de viagens interiores. Em Paris, precisamente há um ano atrás, estávamos a sair do museu Centre du Pompidou e eis que começo a ouvir uma voz e uma melodia que me fizeram transportar a tempos ancestrais. Parte de mim não percebia nada daquelas palavras, ...